quarta-feira, março 28, 2007

Atenção!

O que não usar - Arnaldo Jabor

Algumas coisas que as mulheres devem saber que são tristes de usar...Com isso, e pela importância que dou ao sexo feminino, decidi fazer umapequena listinha de coisas que simplesmente algumas mulheres deveriamrepensar antes de usar (caso uma mera opinião masculina importe).É triste mulher: 1) Usar esmalte com uma florzinha (ou estrelinha) em uma das unhas combinado com a outra mão (no pé já é caso de internação). 2) Salto de acrílico (a não ser que vá fazer um filme pornô ou agradar o namorado fetichista). 3) Lente de contato colorida. Essa é uma das tenebrosas campeãs. Além de dar uma enorme vontade de lacrimejar de aflição (para quem está de frente com o ser), parece que estamos diante de uma personagem do próximo filme do X-Men. 4) Meia-calça cor da pele, tipo Kendall para o inverno (a não ser que tenha mais de setenta anos ou use debaixo da calça em caso de frio extremo). Em hipótese nenhuma deve ser usada com saia e sandália aberta. 5) Calça justa demais, que aperte as partes íntimas (fica parecendo uma pata de camelo). 6) Descolorir os (muitos) pelos da barriga, o famoso "caminho da felicidade". Melhor depilar, caso contrário, é melhor procurar um namorado que tenha colocado blondor no bigodinho. Farão um lindo par. 7) Unha do pé grande, maior do que onde termina o dedo, além de ficar muito feio pode ser um perigo fazendo "carinho" com o pé, no marido ou namorado. Se estiver solteira, vá à praia de meia. 8) Calça jeans com muitas aplicações (rosas coloridas, tachas, strass, etc.). Tudo em exagero polui o visual e esse tipo de calça tem muita informação. Usada junto com o item 2 é uma das piores composições. Se pretende sacanear algum namorado (ou ex), chame o para jantar ou dançar, e vá assim. 9) Perfume Paris, do Yves Saint Laurent. Se não estiver na terceira idade não tem desculpa. As pessoas ao redor não merecem isso e nem todo mundo carrega Neosaldina na bolsa. Usar no verão então, é sadismo. 10) Calça legging com tamanco de madeira. Se você não estiver numa refilmagem de "Grease nos tempos da brilhantina" , use outra maneira de chamar a atenção. Há outras (e muito melhores) maneiras de um cara te achar gostosa.O que os homens nunca deveriam usar - ou ter usadoNa coluna passada brinquei, com o meu ponto de vista, sobre o que asmulheres não deveriam usar - pois era sofrível. Foram dezenas de e-mailsconcordando, mas pedindo para o colunista fazer a mesmíssima coluna,porémsobre os equívocos masculinos. Já tinha isso em mente e aí vai a minhalista para meus queridos leitores. Acho abominável que um homemenvergonhe(no sentido estético) a classe masculina usando: 1) O trio mais famoso do que o do McDonalds: pochete, bermuda jeans e sandália papete. Se vier acompanhado do celular (na capinha) na cintura então. É caso para fingir que não conhece. 2) Blazer com gola rolê por dentro. É o figurino preferido de 10 em cada 10 novos cabeleireiros recém bem-sucedidos na cidade. Esse tipo acha esse conjunto o uniforme da "elegância". Geralmente abrem salão na cidade com os nomes de Roberto's Coiffeur, Cabral's, Antonio's e por aí vai. 3) Sapato social de "franjinha" (aquele detalhe de penduricalho em cima). Se for curto a ponto de aparecer a meia branca por baixo, a coisa beira a piedade. Esse tipo fica ótimo num dublador de Michael Jackson cantando "Billie Jean" no Largo da Carioca. 4) Calça de cintura alta, a chamada "Saintropeito". Cuidado com os testículos! Eles não têm culpa se você se veste mal. Gerentes de churrascaria rodízio costumam adotar esse visual acompanhado de uma vistosa camisa vermelha de seda javanesa. 5) Perfume KOUROS (Yves Saint Laurent). Num acampamento pode ser usado como repelente (pena dos seus companheiros de viagem). Um cara que usa esse perfume se torna inesquecível. O trauma nas pessoas ao redor é irreversível. 6) Essa vai doer em muito "Maurício" mas é a minha opinião: Casaquinho de lã jogado nas costas e amarrado na frente. Esse visual geralmente vem acompanhado de um cabelo arrumado pela mamãe a "La Roberto Justus". Tem solução, mas tem que ser mudado ainda na infância ou no máximo adolescência. Depois fica difícil. 7) Unha suja (e sem cortar). Se você não for o mecânico Pascoal da novela "Belíssima", pode ter certeza que brochará sua namorada ou pretendente. Caso seja bonito como o Gianechinni, ela será somente um pouco mais tolerante, entretanto, irá pedir para limpá-las assim que acabar a noite de fetiche com um desleixado. Não esqueça também de aparecer aqueles pelinhos horríveis que por ventura saiam do nariz ou da orelha - em nome da higiene, please!!!! 8) Base incolor na unha. Triste amigo. Só limpar e cortar já é suficiente. Cuidado se tem esse hábito, pois daqui a pouco estará pedindo "francesinha" no salão. 9) Fazer sobrancelha. Se for tirar um fio maior, ok. Agora, se for limpar e afinar nas extremidades, é melhor tomar cuidado. Daí para usar rímel e delineador é um pulo. Não estranhe se vier uma vontade incontrolável de chamar um amigo de infância para assistir "Brokeback Mountain" comendo pipoca light. 10) Cueca furadinha tipo antiga Adams. Amigo, por favor, treine tirar a calça puxando a cueca junto. Nenhuma mulher no mundo agüenta esse choque visual. Se ela vir a sua cueca é provável que você fique na mão (literalmente).

(Arnaldo Jabor)

quarta-feira, março 21, 2007

Diálogo bobo





- Abandonou-te?
- Pior ainda: esqueceu-me...
[Mario Quintana; Da preguiça como método de trabalho, 1987]

Dia internacional da poesia - 21 de março

Cais

1.
Com tanto navio para partirminha saudade não sabe onde embarcar…
2.
A água comove a pedraque parece fremir levemente.Na oscilação breve das marolasHá homens malogrando olharesvagos, indecisos, alongados.
3.
(Completa ausência de tempo.O calendário se desfaznas sombras, na brisa e na anatomiarecortada do estuário…).
Cambía todos os tonsesta angústia à flor da água.
4.
Não há gaivotas nem quaisquer outros pássaros oceânicos.Todavia, aquela espuma brilhantesugere o roçar logo de algum.
5.
Vem do passado a românticasugestão de velas pandas.Itinerários de descobertas,roteiros de constelações,ilhas remotas habitadaspor estranhos povos inocentes--- pele morena, olhos ariscos,porte severo, movimentos purosde corpos ao vento e ao sol.
6.
Sirene arrepiandoa epiderme do meio-dia.
7.
Silenciosamente pesadosfirmam-se nas horas os navios,fortuitos donos do porto,transitórios proprietáriosde metros de alvenariaque fazem maior a tristezada imensa nostalgia portuária.
Ah! receber todos os adeuses,todos os abraços, todos os olharesde ida e volta e permanecerancorado na paisagem imutável.

Narciso de Andrade

Ladrão?

É incrível como a modernidade se encarrega de evidenciar enorme variedade de vocábulos que parecem disfarçar ou substituir de forma social essa palavra tão presente e, na realidade, a mais adequada a diversas situações e personagens. A imprensa, hoje chamada de mídia, adota diversificada coletânea de expressões ao noticiar atividades ilícitas de cidadãos das várias classes sociais. Estranhamente a palavra foi abandonada.
O que é um ladrão?
Aquele que invade sorrateiramente algum ambiente subtraindo objetos de valor, isto é, exclusivamente alguém que se apossa de bens alheios? Aquele que cobra muito alto por algum trabalho que realiza? Aquele que engana seu parceiro em alguma negociação?
- Ladrão é aquele que envergonha a sua própria consciência, obtendo pela força ou pela astúcia, o que não lhe pertence. Este é o ladrão mais grosseiro; entretanto, ainda existem outros tipos de ladrão disseminados por toda parte:
- É o ladrão que rouba na “maciota” ou no “cara-de-pau” - é o que rouba o tempo seu e dos outros com futilidades.
- É ladrão quem desperdiça as economias de Deus, gastando os pensamentos em coisas vãs, distribuindo pérolas aos porcos – utilizando o tempo precioso com bobagens e discussões tolas.
- Ladrão é o que se apossa do bem coletivo, que desvia recursos destinados à comunidade. Esse é um ladrão vil, dos mais nojentos – causa asco, ojeriza.
- Ladrão é o que recebe procuração de irmãos cidadãos para exercer a representatividade pública e despende tempo e recursos na exclusiva defesa de interesses pessoais ou corporativistas.
A moderna linguagem da imprensa discrimina o vocábulo “ladrão”. Abandona-o amenizando o impacto de seu significado, quando o fato envolve “gente da sociedade” ou políticos. Fica a impressão de que ladrão é um simples pária da comunidade humana, apenas o invasor de residências que furta objetos e desaparece esgueirando-se pelas sombras da noite.
Sempre existiram ladrões, assassinos e mentirosos. A questão é que o momento oferece variedade, quantidade e, o que é pior, especialidade.
Como cuidar deles?
É uma equação que há milhares de anos a própria ciência e as leis humanas buscam e não encontram. Mas quem Busca algum dia haverá de encontrar a verdade por ser Deus infinitamente bom, Pai de justiça e amor. Assim, o que resta aos “normais”, enquanto viventes, é confiar na Justiça Divina e acreditar que todos esses defeitos da personalidade são processos delineados pela natureza. São forças biogenéticas que lutam entre si para que surja o equilíbrio no futuro, com o objetivo de produzir o verdadeiro homem racional, voltado para o BEM.
Enquanto se está no aguardo da Justiça Superior, é preciso que o homem comum faça sua parte: Descartar o Magistrado que libera o ladrão “para mentir”, descartar, não a palavra, mas esse ignóbil ser, através dos meios que o “Regime político” proporciona. É hora de desconsiderarmos as metáforas dissimuladoras do verdadeiro vocábulo atualmente em desuso: LADRÃO


Pecajo – 09.03.06

terça-feira, março 20, 2007

Mundo: Perguntas a Bento XVI

Frei Betto *
Adital - Sua Santidade ressuscitou o que o concílio Vaticano II havia enterrado: a missa em latim. Uma exigência do Monsenhor Lefebvre, arcebispo suíço excomungado em 1988, por negar-se a aceitar as reformas conciliares.
Quando criança, assisti a muitas missas em latim, com o celebrante de costas aos fiéis, segundo o rito tridentino de meu co-irmão, o papa Pio V, que foi dominicano. Por que permitir a volta ao latim? Quantos fiéis dominam este idioma? Jesus não falava latim. Falava aramaico. Talvez algo de hebraico. E por viver em uma região dominada por Roma, é certo que conhecia alguns vocábulos latinos, como a saudação romana ‘Ave!’, que foi introduzida na oração mais popular do catolicismo, a Ave Maria.
Assim como o grego se universalizou através do Mediterrâneo, graças às campanhas de Alexandre, o Grande, o latim se propagou através das conquistas do Império Romano. Segundo esta lógica, não seria mais adequado adotar hoje em dia o inglês?
Pois bem, a grande maioria dos fiéis católicos encontra-se atualmente na América Latina. E não entende grego, nem latim, nem inglês. Não seria aconselhável que participassem da missa em sua língua natal?
Considerando o empenho de inculturação da Igreja, não é contraditório voltar a missa em latim? Tenho um amigo, ateu até a medula, que gosta muito de assistir a missas em latim. Para ele a liturgia se reduz a um espetáculo, quanto mais glamuroso, melhor. É uma questão de estética, não de uma ponte comunitária entre o nosso coração sedento e o Transcendente. Me inquieta sua (do Papa) afirmação de é "uma praga" casar-se pela segunda vez e proibir aos católicos o acesso à eucaristia. Os evangelhos ensinam que Jesus comungou com pessoas que, vistas daqui e agora, estavam longe da moral vaticana. E defendeu uma mulher adúltera que ia ser apedrejada pelos moralistas da época. Curou a hemorragia de uma mulher da Cananéia sem exigir previamente a adesão dela à fé que pregava. Curou também um servo de um centurião romano sem lhe impor antes a obrigação de repudiar aos deuses pagãos. Jesus fez o bem, sem olhar a quem.
Tenho amigos e amigas que casaram pela segunda vez. Todos por razões muito sérias, que seriam melhor compreendidas por sacerdotes e bispos se estes, como acontecia na Igreja primitiva, tivessem mulher e filhos. (Convém lembrar que Jesus escolheu homens casados para apóstolos, posto que curou a sogra de Pedro).
Contrair matrimônio é algo tão importante que a Igreja fez dele um sacramento. Acontece que, antes de ser uma instituição, o matrimônio é um ato de amor. E há uniões que fracassam, pois todos somos frágeis e pecadores, e nossas opções, sujeitas a chuvas e tempestades, deveriam merecer a misericordiosa compreensão da Igreja.
Tenho amigos e amigas divorciados que reconstruíram suas relações afetivas e se negam a acatar a proibição de comungar. Minha amiga D., três meses depois do matrimônio sofreu com seu marido um grave acidente de trânsito. Ele ficou tetraplégico. Dois anos depois, com a concordância dele, ela contraiu uma nova relação, uma vez que escutou o homem com quem se havia casado na Igreja dizer: "Porque te amo, quero ver-te plenamente realizada como mulher e mãe". Ela e seu novo esposo visitavam periodicamente o homem acidentado, que sobreviveu sete anos e foi o padrinho do primeiro filho do casal. Devo dizer a essa amiga que Deus, que é Amor, não está em comunhão com ela e que, portanto, trate de ficar distante da mesa eucarística, pois a Igreja a considera "uma praga"?
Certa noite me encontrava na Boca do Acre, em plena selva amazônica, numa celebração em uma comunidade eclesial de base. Dona Raimunda, mãe de seis filhos, cujo marido havia ido para a Transamazônica em busca de trabalho e onde ficou quatro anos sem dar sinais de vida (e ela soube que ele havia constituído outra família lá) - disse na missa, no momento da oração dos fiéis: "Quero agradecer a Deus por haver me dado outro marido, que é um pai bondoso para meus filhos". Dona Raimunda se uniu a outro homem que a ajudava na sobrevivência e na educação dos filhos em uma situação de extrema penúria. Deveria dizer a ela que não se aproximasse da mesa eucarística? Naquele mesmo momento, o Papa Paulo VI, em visita ao Chile, dava a comunhão ao general Pinochet.
Querido papa: leio na primeira Carta de João que "Deus é Amor. Quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele" (4,16). Essas pessoas que citei, e tantas outras que conheço, amam e, portanto Deus permanece nelas. Devo adverti-las que não são amadas pela Igreja e que, por isso mesmo, estão proibidas de receber o pão e o vinho transubstanciados no corpo e no sangue de Jesus, o Senhor da compaixão e da misericórdia?
Frei Betto é escritor, autor, junto com Leonardo Boff, de "Mística e espiritualidade", entre outros livros.
* Frei dominicano. Escritor

O império contra ataca ---A viagem de Bush pela América Latina

Yo no te digo tío, Don Samuel ----- Porque hermano de mi patria usted no es


E, então, os olhos do governo estadunidense se voltaram para a América Latina. Depois de anos matando iraquianos civis, sob o argumento de que são malvados terroristas, e ainda disseminando pela mídia prostituída outras tantas mentiras acerca do Irã, George W. Bush decidiu dar um passeio pelo quintal de casa, visto que, para ele, algumas ervas daninhas estão crescendo para além da conta e é preciso passar a ceifadeira.

O jornal New York Times mostrou, em detalhes, à nação do norte que a Venezuela anda gastando muito dinheiro com materiais militares e, segundo os analistas, isso se configura um abuso. É claro que o mesmo jornal não dá uma linha sobre o material bélico produzido anualmente pelos Estados Unidos. Bom, isso não é novidade. Para os estadunidenses, o país ter o maior arsenal de armas do mundo, inclusive atômicas, é muito natural. São a polícia do mundo. Eles podem ter bombas atômicas. O Irã ou qualquer outro país, não.

Pois é para tentar cortar as "asinhas" do presidente venezuelano (a erva daninha em questão) que Bush faz um rápido ecorrido pelo sul do continente. A ascendência "maléfica" de Chávez sobre Evo Morales, na Bolívia, e Rafael Correa, no Equador, está fugindo ao controle, pensam os conselheiros do governo estadunidense. Além disso, pelas beiradas, Chávez vem fazendo acordos com países que, apesar de não guinarem muito para a esquerda, estão buscando novas parcerias, livres das garras da águia, como a Argentina, por exemplo, com quem firmou contratos bilaterais bastante significativos, além do compromisso de também apoiar a idéia de uma nação única, latino-americana, configurando um grande bloco de poder.

Outros países do Caribe e da América Central têm fechado acordos envolvendo trocas comerciais dentro dos moldes da ALBA, a Alternativa Bolivariana para as Américas, que propõe um novo modelo de contratos, sempre levando em consideração a realidade social, econômica e cultural dos povos, sem imposições vantajosas apenas para quem tem maior poder de barganha. O oposto da ALCA, sonhada pelo governo dos Bush, desde o pai.

A viagem do presidente estadunidense é paradigmática. Funcional tal como no passado funcionavam os passeios dos Césares. O império se fazendo ver, o grande olho a observar e a dizer: estamos aqui. Bush visita a Colômbia, com quem mantém estreita relação. Como um bom vassalo, Uribe segue cumprindo as ordens do senhor imperial, reprimindo os movimentos de libertação, fortalecendo o Plano Colômbia - de ocupação massiva por parte dos soldados estadunidenses - desalojando famílias, removendo o terror entre os lutadores sociais. É um parceiro estratégico porque está na fronteira da Venezuela e do Equador, dois dos países considerados "perigosos", subsumidos na "onda vermelha". Passa também pelo Uruguai onde Tabaré Vasquez se configura uma promessa. Já firmou acordo de livre comércio e pode ser um bom aliado na parte sul. Pode ser convencido a não sucumbir aos encantos chavistas e, de quebra, ajudar o parceiro brasileiro nesta empreitada.

Bush ainda vai dar um pulinho na Guatemala, país amigo e uma força a barrar os avanços de Chávez na América Central. Visita também o México, de Felipe Calderón, presidente eleito a partir de eleições fraudulentas, como denunciam os movimentos sociais daquele país. Talvez por isso tenham muito que conversar. Experiências semelhantes. Além disso, o México é a parte mais próxima do quintal. Precisa, mais do que qualquer zona, manter-se limpo das ervas socialistas.

E, o que nos interessa particularmente, Bush visita o Brasil. Vai conversar com o "companheiro" Lula, com quem conta para ajudar a frear o "Efeito C". Na imprensa brasileira já pipocam as análises acerca dos "grandes benefícios" que o imperador traz na bagagem. Uma delas é a possibilidade de um acordo para negócios envolvendo o álcool. Os usineiros já se preparam para, finalmente, entrar no mercado do norte, até então fechado, visto que os EUA fabricam seu próprio álcool. É a "energia do futuro" o grande "produto" no qual a águia está de olho, uma vez que sabe ser o petróleo um bem em extinção, além de causador dos males que o planeta vem vivendo, entre eles o aquecimento global.

Então, os arautos do imperador já se apressam em falar dos "fabulosos" negócios que os empresários da cana poderão fazer, pelo menos em médio prazo, caso os EUA abram mesmo seu mercado. Para os trabalhadores também há vantagens incríveis no horizonte, visto que o número de cortadores de cana deverá aumentar extraordinariamente. A mídia cortesã já saúda o fato de voltarmos aos tempos da casa grande e senzala. O Brasil como um imenso canavial, produzindo a energia limpa que o planeta tanto necessita.

Mas, no meio desta euforia colonizada, as vozes dissonantes já começam a soar. Alguns analistas questionam a idéia de usar produtos comestíveis como combustível. Cana ou óleo de plantas saem da lógica alimentar e passam a ser produtos geradores de energia para sustentar o capital. Há quem diga ser um paradoxo a expressão "desenvolvimento sustentável". Paradoxo e impostura. Não existe. Não nesse modelo capitalista predador. “Haveria que se pensar o que o Samir Amin chama de desconexão”. Um outro modelo de vida, despegado da lógica capitalista. Mas é coisa para muito debate.

De qualquer forma, essa conversa de abrir mercado para o Brasil nos EUA certamente é só um truque no qual apenas uma imprensa cortesã, colonizada e autista pode cair. O que está em questão mesmo é a paralisação da influência de Chávez nos "países amigos". Manter os gerentes dos quintais de rédea curta, bem ao estilo texano, é o objetivo central. Mostrar quem manda, prometer uma migalha aqui e outra ali, inflamar as vaidades, provocar a cizânia e, quem sabe, até acertar algum trato de "combate ao terrorismo", visto que este tipo de coisa já está aparecendo por aqui também, como alardeiam imprensa e governantes.

A grande ameaça comunista que foi o mote para uma série de retrocessos e ferozes ditaduras militares financiadas pelos EUA nos anos 50 e 60 do século passado, agora tem outro nome. É Chávez. Um presidente que tem petróleo e uma proposta de mudança muito concreta, desconectada do império. Não é nem o socialismo, mas já incomoda um bocado. Resta saber qual vai ser a atitude de Lula. Alguém arrisca um palpite?

Entre os movimentos sociais tudo já está claro. E os protestos devem acontecer em todo o país. Não só pelas questões singulares que envolvem o Brasil, mas, solidariamente, em nome de todos os que sofrem os efeitos de um sistema imperial opressor, destrutivo, manipulador e irracional.

O OLA é um projeto de observação e análise das lutas populares na América
Latina. www.ola.cse.ufsc.br

segunda-feira, março 19, 2007

ANÚNCIO PARA ARRUMAR NAMORADA

Matéria publicada em um jornal de circulação diária, do Estado do Ceará.
(Leia também a resposta da pretendente).

Homem descasado procura...

Homem de 40 anos, que só gosta de mulher, após casamento de sete anos, mal sucedido afetivamente, vem através deste anúncio, procurar mulher que só
goste de homem, para compromisso duradouro, desde que esta preencha certos requisitos:

O PRETENDIDO exige que a PRENTENDENTE tenha idade entre 28 e 40 anos, não descartando, evidentemente, aquelas de idade abaixo do limite inferior, descartando as acima do limite superior.

Devem ter um grau razoável de escolaridade, para que não digam na frente de estranhos: "menas vezes", "quando eu si casar”, "pobrema no úter", "eu já si
operei de apênis", "é de grátis", "vamo dea pé", "adoro tar com você" e outras pérolas gramaticais.

Os olhos podem ter qualquer cor, desde que sejam da mesma e olhem para uma mesma direção. Os dentes, além de extremamente brancos, todos os 32, devem permanecer na boca ao deitar e nunca dormirem mergulhados num copo d'água.

O seios devem ser firmes,
do tamanho de um mamão papaia, cujos mamilos olhem
sempre para o céu, quando muito para o purgatório,nunca para o inferno.
Devem ter consistência tal que não escapem pelos dedos, como massa de pão. Por motivos óbvios, a boca e os lábios, devem ter consistência macia, não confundir com beiço. A barriga, se existir, muito pequena e
discreta, e não um ponto de referência.

O PRETENDIDO exige que a PRETENDENTE seja sexualmente normal, isto é, tenha orgasmos, se múltiplos melhor, mas mesmo que eventuais, quando acontecerem, que ela gema um pouco ou pisque os olhos, para que ele sinta-se sexualmente interessante.
Independentemente da experiência sexual do PRETENDIDO, este exige que durante o ato sexual a PRETENDENTE não boceje, não ria, não fique vendo as horas no rádio relógio, não durma ou cochile.

O PRETENDIDO exige que a PRETENDENTE não tenha feito nenhuma sessão de análise, o que poderia camuflar, por algum tempo, uma eventual esquizofrenia.

A PRETENDENTE deverá ter um carro que ande, nem que seja uma Brasília, que tenha dinheiro para o táxi, uma vez que pela própria idade do PRETENDIDO, ele não tem mais paciência para levar namorada de madrugada para casa.

Enviar cartas com foto recente, de corpo inteiro
frente e costas, da PRETENDENTE, para a redação deste jornal, para o codinome: "CACHORRO MORDIDO DE COBRA TEM MEDO ATÉ DE BARBANTE".

************************************

Resposta da Pretendente, publicada dias após, no mesmo periódico Cearense:

Prezado HOMEM DESCASADO...

Li seu anúncio no jornal e manifesto meu interesse em manter um compromisso duradouro com o senhor, desde que (é claro) o senhor também preencha outros
“certos” requisitos que considero básicos!
Vale lembrar que tais exigências se baseiam em conclusões tiradas acerca do comportamento masculino em diversas relações frustradas, que só não deixaram marcas profundas em minha personalidade, porque "graças a Deus", fiz anos de terapia, o que
infelizmente contraria uma de suas exigências!

Quanto à idade convém ressaltar que espero que o senhor tenha a maturidade dos 40 anos e o vigor dos 28, e que seu grau de escolaridade supere a
cultura que porventura tenha adquirido assistindo aos programas do "Show do Milhão"...!

Seus olhos podem ser de qualquer cor desde que vejam algo além de jogos de futebol e revistas de mulher pelada. E seus dentes devem sorrir mesmo quando
lhe for solicitado que lave a louça ou arrume a cama.

Não é necessário que seus músculos tenham sido esculpidos pelo halterofilismo, mas que seus braços sejam fortes o suficiente para carregar as compras.
Quanto à boca, por motivos também óbvios, além de cumprir com eficiência as funções a que se destinam as bocas no relacionamento de um casal, devem
servir, inclusive, para pronunciar palavras doces e gentis e não somente:
“PEGA MAIS UMA CERVEJA AÍ, MULHER!".

A barriga, que é quase certo que o senhor a tenha, é tolerável, desde que não atrapalhe para abaixar ao pegar as cuecas e meias que jamais deverão ficar no chão. Quanto ao desempenho sexual espera-se que corresponda ao menos polidamente à "performance" daquilo que o senhor "diz que faz" aos seus amigos!
E que durante o ato sexual, não precise levar para a cama livros do tipo: "Manual do corpo humano" ou "Mulher, esse ser estranho"!

No que diz respeito ao item alimentação, cumpre estar atualizado com a lista dos melhores restaurantes, ser um bom conhecedor de vinhos e toda espécie de
iguarias, além de bancar as contas, evidentemente.

Em relação ao carro, tornam-se desnecessários os trajetos durante a madrugada, uma vez que, havendo correspondência nas exigências que por ora
faço, pretendo mudar-me de mala e cuia para a sua casa... meu amor!

Ass.: A COBRA

domingo, março 18, 2007

Vaticano condena teólogo da libertação

12.03.07 - EL SALVADOR

Adital - O arcebispo de San Salvador, Fernando Sáenz Lacalle, confirmou que a Congregação para a Doutrina da Fé notificou Sobrino sobre a proibição de que ministre aulas em qualquer centro católico "até que revise suas conclusões".
Sáenz Lacalle disse que o Vaticano "há algum tempo estuda os escrito de Sobrino e que há muitos anos faz advertências a ele".
Explicou que "o que diz a Santa Sé é que as conclusões dos estudos teológicos sobre Cristo que o padre Sobrino publicou não estão de acordo com a doutrina da Igreja e que ele não poderá ensinar teologia em nenhum centro católico até que revise suas conclusões".
Por sua parte, Sobrino se negou, no momento, a fazer comentários à imprensa sobre a medida do Vaticano, que, segundo outras fontes eclesiásticas, será divulgada na próxima quinta-feira.
Quem é Jon Sobrino
Nascido em Bilbao (Espanha) em 27 de dezembro de 1938, Jon Sobrino reside em El Salvador há cinqüenta anos, dedicado, em grande parte, ao trabalho docente na UCA e a escrever numerosas obras, principalmente sobre a Teologia da Libertação.
Foi um dos criadores da Universidad Centroamericana de San Salvador e um dos maiores propagadores da Teologia da Libertação, sobre a qual escreveu uma dezena de livros.

Heresia

O órgão eclesiástico que elaborou a condenação - era dirigido pelo cardeal Ratzinger e a partir da indicação dele como Papa Bento Dezesseis, em abril de 2005, pelo cardeal Joseph Levada - acusa Sobrino de «falsear a figura de Jesus», e mais concretamente de «não afirmar abertamente sua consciência divina»; quer dizer, a Congregação para a Doutrina da Fé - sucessora da Inquisição - afirma que o jesuíta vasco-salvadorenho caiu na «velha heresia» de acentuar demasiado o lado humano da figura de Jesus de Nazaré e de «ocultar sua divindade». Por isso, o Vaticano aprovou um texto no qual decidiu que ele está proibido, como uma forma de «penitência», dar aulas em centros eclesiais ou publicar livros com o «nihil obstat» da autoridade eclesiástica, com a intenção depois de condená-lo ao «silêncio mais absoluto».

Ao que parece tanto a Companhia de Jesus - à qual pertence Sobrino - como o próprio teólogo conheciam a notícia de antemão, já que, seguindo o procedimento habitual nestes caos, o Vaticano pediu previamente a Sobrino que retificasse seu comportamento por escrito. Entretanto, depois de pensar sobre o assunto e até de consultar o diretor geral da Companhia de Jesus, Sobrino se negou fazer tal retificação.

Teologia da Libertação

Toda essa confusão criou uma grande comoção tanto na Companhia de Jesus como no restante da classe eclesiástica, porque Jon Sobrino hoje, é um dos máximos expoentes da doutrina conhecida com Teologia da Libertação, um movimento de caráter religioso, político e social surgido na época do Concílio do Vaticano de 1962-1965 e que, afinal, não é mais do que um movimento em favor dos pobres e marginalizados e que propõe a justiça social.

A Teologia da Libertação se desenvolveu rapidamente por toda a América Latina, apesar de a hierarquia da Igreja Católica ter se oposto a ela desde o primeiro momento.

Ciclos

Aos 5 anos tocava piano
Aos 10 anos falava inglês
Aos 15 debutava
Aos 18 engravidava
Aos 20 separava
Aos 25 tornava a se juntar
Aos 30 fazia análise
Aos 35 se emancipava
Aos 40 pensava
Aos 50 olhava para trás
Aos 55 engordava
Aos 60 criava netos
Aos 65 chorava
Aos 70 tocava piano
Aos 80 falava inglês

Mário Sérgio de Souza Andrade

segunda-feira, março 12, 2007

Poemas de Manoel de Barros




O catador


Um homem catava pregos no chão.
Sempre os encontrava deitados de comprido,
ou de lado,
ou de joelhos no chão.
Nunca de ponta.
Assim eles não furam mais - o homem pensava.
Eles não exercem mais a função de pregar.
São patrimônios inúteis da humanidade.
Ganharam o privilégio do abandono.
O homem passava o dia inteiro nessa função de catar
pregos enferrujados.
Acho que essa tarefa lhe dava algum estado.
Estado de pessoas que se enfeitam a trapos.
Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser.
Garante a soberania de Ser mais do que Ter.


Tratado geral das grandezas do ínfimo, Editora Record - 2001, pág. 43.




A namorada



Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.


Texto extraído do livro "Tratado geral das grandezas do ínfimo", Editora Record - Rio de

Janeiro, 2001, pág. 17.

sábado, março 10, 2007

A lição do perdão

R E F L E X Ã O - 378

De todas as Divinas lições passadas pelo Mestre Jesus, sem dúvida, a que mais dificilmente a humanidade consegue assimilar e aplicar, se refere ao perdão.
“Reconciliai-vos o mais depressa com o vosso adversário, enquanto estais com ele no caminho, a fim de que vosso adversário não vos entregue ao juiz, e que o juiz não vos entregue ao ministro da justiça, e que não sejais aprisionados”
Severas dissensões e, não raro, tragédias que comprometem mais de uma geração, somente ocorrem pela incapacidade de perdoar, o que invariavelmente estabelece sentimentos de ódio e vingança. Efetivamente não é fácil, principalmente quando a ofensa tem como nascedouro alguma atitude traiçoeira que parte de pessoa até então merecedora de plena confiança; dessas que desfrutam de ampla e irrestrita intimidade.
O ódio e o rancor expõem o predomínio da ausência de grandeza na alma do ofendido. Quem consegue exercitar e aplicar o perdão certamente se posiciona acima dos insultos que se lhe podem dirigir. É óbvia a existência daquele que aparenta exercer a misericórdia, mas compromete-se ainda mais diante das Leis Divinas, expondo publicamente a concessão que supõe tratar-se de um ato de “perdão”. Ostentação para si e humilhação para a outra parte. Tais situações denotam plena ausência da generosidade e indiscutível prevalência do orgulho. Na prática de qualquer ação generosa não pode haver espaço nem tempo para se calcular quais as perdas ou lucros decorrentes do ato, pois seu autor não se lembrará da ofensa, nem terá qualquer sentimento de orgulho a respeito, isto é, não exibirá o mérito de ser misericordioso.
Segundo Maktub (personagem de Paulo Coelho) o mosteiro de Sceta assistiu certa tarde, a um raríssimo fato, quando, para surpresa de todos, um monge ofendeu a outro com palavras grosseiras.
O superior do mosteiro, abade Sisois, no cumprimento de sua missão educativa, pediu humildemente ao monge ofendido que perdoasse seu agressor.
- De jeito nenhum – respondeu o monge – Ele fez, ele terá que pagar.
No mesmo instante, o abade Sisois levantou os braços para o céu e começou a orar:
“Jesus, Divino Mestre, não precisamos mais de Ti, nem das Leis de Deus.
Já somos capazes de fazer os agressores pagarem por suas ofensas. Já somos capazes de
tomar a vingança em nossas mãos, e cuidar do Bem e do Mal. Portanto, o Senhor pode
afastar-se de nós, sem problemas”
Diante da surpreendente cena, envergonhado, o monge perdoou imediatamente o seu irmão. A paz voltou ao conjunto e todos aprenderam mais uma maravilhosa lição.


Pecajo – 09.03.07

domingo, março 04, 2007

Eu sou aquela mulher



Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou.Ensinou a amar a vida e não desistir da luta,recomeçar na derrota renunciar a palavras e pensamentos negativos.Acreditar nos valores humanos e ser otimista.
Creio na força imanente que vai gerando a família humana,numa corrente luminosa de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana,na superação dos erros e angústias do presente.Aprendi que mais vale lutar do que recolher tudo fácil.Antes acreditar do que duvidar.


Cora Coralina