domingo, abril 29, 2007

Educação Sexual




Todos os anos têm alunas 'tontinhas' que engravidam e depois sabe-se lá como vão criar seus filhos. A maioria é menor de idade e de juízo, o rapaz não assume nada e, nenhum dos dois trabalha.
Ano retrasado perguntei a uma aluna, da oitava série, como ela ia criar o seu filho, respondeu-me: "Minha mãe cria".
Semana passada, um amigo me disse que é contra o aborto, mas que se negou a assinar uma lista sobre o assunto, pois ele se pergunta o que será dos filhos gerados e nascidos sem planejamento. Detalhe, ele é agente penitenciário em uma das penitenciárias mais problemáticas do Estado. Então, ele sabe onde vai parar boa parte desses bebês gerados de forma irresponsável e criados de qualquer jeito.
Sou professora, e sei muito bem o que acontece com muitos jovens mal criados, mal amados, carentes de quase tudo, o que aprontam nas escolas públicas.
Também sou contra ao aborto. Também falo constantemente, para as alunas principalmente, que elas precisam ser espertas e se cuidar. Informação não falta, mas a conscientização anda bem longe da maioria desses jovens. Também é preciso analisar o meio ambiente em que eles vivem. As histórias dos bailes funkies que os próprios alunos contam é de arrepiar: meninas vão sem calcinha para transar com todo mundo, droga rola solto, e todo mundo bate em todo mundo. Na periferia esse ritmo é uma epidemia. Hoje o lema da maioria dos jovens da periferia é: sexo, drogas e funkie. Modernidade, minha gente! Mas a alienação continua a mesma.

Bunda? Eu?

Quem disse que sou só uma bunda? E que ela precisa estar atrevidamente em pé, caso contrário, devo siliconizá-la?
Quem disse que só preciso de peito empinado?
Quem disse essas babaquices?
Eu sou mulher inteira: cabeça, tronco e membros! Tenho idéias, pensamento lógico, sentimentos, desejos, frustrações... mas tenho principalmente consciência de quanto valho e de quem sou.
Recuso-me a aceitar que uma BUNDA me represente!!! Não admito ser reduzida a um corpo produzido artificialmente!!! Revolto-me ao ouvir dizer sobre a mulher apenas pelas suas qualidades aparentes!!! E afinal a mulher só tem peito e bunda?????? Não eu!!!
Se posso recorrer à plástica para rejuvenescer, claro que o farei! Quando a Lei da Gravidade fizer minhas protuberâncias caírem, se me aprouver, as levantarei! Procurarei meu Cirurgião Plástico que já em casos de queimadura minha filha socorreu, sem que isto seja uma Olímpica competição para cumprir o Padrão Tchan!!!
Sou fã do Ácido Retinóico, da Vitamina C, do Ácido Glicólico, da Uréia, da Semente de Uva, da minha dermato (que é meu Pilar!), mas pretendo é um aspecto mais plácido e compatível com meu interior que é sempre adolescente.
Tenho mãos que sabem aconchegar e afagar... Tenho pernas que me levam ao encontro do Amar... Tenho lábios que sempre anseiam por beijar.. Tenho ventre que já abrigou filhos... Tenho braços de abraçar... Tenho um corpo inteiro e nele habitam vísceras, músculos, veias, alma, paixão e razão.
Acho lindo um belo corpo torneado, pele viçosa, músculos delineados, cabelos sedosos, e todos devemos nos empenhar em ter saúde, beleza, destreza, flexibilidade. Porém ser só corpo, e mutilado que só de bunda e peito se compõe, é idiotia, aberração, ou melhor, covardia e ilusão.
Lembro-me que faz pouco tempo a Mulher Bunda foi considerada a representante da Mulher Brasileira. Recuso-me a ser por este tipo de mulher representada!
Que luxo seria estabelecer como Mulher Padrão Brasileira a maravilhosa Fernanda Montenegro, ou Irene Ravache, quem sabe Marina Colassanti. Mais jovem, rebelde e inesquecível? Leila Diniz, que exibiu com sensualidade e orgulho seu ventre dilatado pela gravidez. Que tal Carolina Ferraz? Bonita, charmosa, sensual, inteligente, elegante, sensível, apaixonada, mãe carinhosa e que em recente entrevista à revista QUEM afirma: “Eu não tenho mérito nenhum em minha beleza... Não existe mágica para nada. Acho que na vida temos que ter bom humor e disciplina... Os meus músculos são de carregar Valentina... E tem mais: "eu filmo mais musculosa do que realmente sou..." e finaliza "Eu gosto de ter prestígio e sucesso pelos meus méritos... Pois é, a beleza não pode tirar a atenção."
É, se mulher objeto é o padrão, quero jamais ser citada, prefiro ser ridicularizada por ter 54 anos, escrever poesias, crer no Amor e pagar caro pela minha independência, e ainda ser considerada decadente por não ter extraído dinheiro ou viver à sombra do poder do ex-marido patrocinador.

Magda Almodóvar

sexta-feira, abril 27, 2007

Noturno

Espírito que passas, quando o vento

Adormece no mar e surge a Lua,

Filho esquivo da noite que flutua,

Tu só entendes bem o meu tormento...



Como um canto longínquo - triste e lento-

Que voga e sutilmente se insinua,

Sobre o meu coração que tumultua,

Tu vestes pouco a pouco o esquecimento...



A ti confio o sonho em que me leva

Um instinto de luz, rompendo a treva,

Buscando. entre visões, o eterno Bem.



E tu entendes o meu mal sem nome,

A febre de Ideal, que me consome,

Tu só, Gênio da Noite, e mais ninguém!


Antero de Quental

Fome no Ceará

I

Lançai o olhar em torno;
Arde a terra abrasada
Debaixo da candente abóbada dum forno.
Já não chora sobre ela orvalho a madrugada;
Secaram-se de todo as lágrimas das fontes;
E na fulva aridez aspérrima dos montes,
Entre as cintilações narcóticas da luz,
As árvores antigas
Levantam para o ar – atléticas mendigas,
Fantasmas espectrais, os grandes braços nus.


Na deserta amplidão dos campos luminosos
Mugem sinistramente os grandes bois sequiosos.
As aves caem já, sem se suster nas asas.
E, exaurindo-lhe a força enorme que ela encerra,
O Sol aplica à Terra
Um cáustico de brasas.


O incêndio destruidor a galopar com fúria,
Como um Átila, arrasta a túnica purpúrea
Nos bosques seculares;
E, Lacoontes senis, os troncos viridentes
Torcem-se, crepitando entre as rubras serpentes
Com as caudas de fogo em convulsões nos ares.


O Sol bebeu dum trago as límpidas correntes;
E os seus leitos sem água e sem ervagens frescas,
Co'as bordas solitárias,
Têm o aspecto cruel de valas gigantescas
Onde podem caber muitos milhões de párias.
E entre todo este horror existe um povo exangue,
Filho do nosso sangue,
Um povo nosso irmão,
Que nas ânsias da fome, em contorções hediondas,
Nos estende através das súplicas das ondas
Com o último grito a descarnada mão.


E por sobre esta imensa, atroz calamidade,
Sobre a fome, o extermínio, a viuvez, a orfandade,
Sobre os filhos sem mãe e os berços sem amor,
Pairam sinistramente em bandos agoireiros
Os abutres, que são as covas e os coveiros
Dos que nem terra têm para dormir, Senhor!


E sabei – monstruoso, horrível pesadelo! –
Sabei que aí – meu Deus, confranjo-me ao dizê-lo! –
Vêem-se os mortos nus lambidos pelos cães,
E os abutres cruéis com as garras de lanças,
Rasgando, devorando os corpos das crianças
Nas entranhas das mães!



II
Quando inda há pouco o vendaval batia
Dos grandes montes nos robustos flancos;
E as nuvens, como enormes ursos brancos,
Em tropel pela abóbada sombria
Dos canhões dos titãs, aos solavancos,
Arrastavam a rouca artilharia;


Quando os rios, indômitos, escuros,
Iam como ladrões saltando os muros,
Para roubar ao camponês o pão;
E, cruzando-se, os raios flamejantes
Abriam como esplêndidas montanhas
De meio a meio a funda escuridão;
Quando os ventos aspérrimos, frenéticos
Como ciclopes doidos, epilépticos,
Com raivas convulsivas
Perseguiam, bramindo, às chicotadas,
Das retumbantes ondas explosivas
As trôpegas manadas;


Quando entre os gritos roucos da procela,
A fome – a loba – escancarava a goela
Uivando às nossas portas;
E andavam sobre as águas desumanas
Com os despojos tristes das choupanas
Berços vazios de crianças mortas;


Oh! nesse instante, ao ver o povo exânime,
Pulsou da pátria o coração unânime,
Um coração de mãe piedosa e boa...
E das imensas lágrimas choradas
Muitíssimas então foram guardadas
Entre as jóias da c'roa.
Mas é certo também que além dos mares
Alguém ouviu, alguém, cortando os ares
Essa terrível dor;
E esse alguém é quem hoje, é quem agora
Morto de fome a soluçar implora
Mais do que o nosso auxílio – o nosso amor.
Vamos! Abri os corações, abri-os!
Transborde a caridade como os rios
Transbordaram dos leitos em Janeiro!
Nem pode haver decerto mão avara,
Que a esmola negue a quem lh'a deu primeiro.


A miséria é um horrível sorvedoiro;
Vamos! enchei-o com punhados d'oiro,
Mostrando assim aos olhos das nações
Que é impossível já hoje (isto consola)
Morrer de fome alguém, pedindo esmola
Na mesma língua em que a pediu Camões!


Guerra Junqueiro


Nota - Poema extraído do livro A Musa em Férias, da 2ª edição de

OBRAS de Guerra Junqueiro (Poesia), Organização e introdução de

Amorim de Carvalho. Porto: Lello & Irmãos - Editores, 1974, pp.

744-747. Este poema é de 1877, justamente quando se inicia a

terrível seca de 1877-1879 no Nordeste e que no Ceará foi até o

ano de 1880. Afirma Rodolpho Theophilo, que a estudou

demoradamente, que o obituário de Fortaleza no período elevou-se a

65.163 pessoas. Fortaleza possuía então por volta de 20 mil almas,

que foram acrescidas subitamente de cerca de 110 mil migrantes da

seca. Herbert Smith, jornalista inglês que percorria o Brasil

àquela época, foi testemunha ocular dessa seca e afirma com algum

exagero que “durante 1877 e 1878, a mortandade no Ceará foi

provavelmente perto de 500 mil, ou mais da metade da população”.

[Brazil: The Amazons and Coast. New York: Charles Scriber’s Sons,

1879, p. 416]. No poema, Guerra Junqueiro faz alusão à célebre

frase que Dom Pedro II teria pronunciado acerca das jóias de sua

coroa... ( Fortaleza, 1º de Janeiro de 1998, Eduardo Diatahy B. de

Menezes)



http://www.revista.agulha.nom.br/gjunqueiro02p.html

sexta-feira, abril 20, 2007

A comédia de sempre

Numa das maiores obras literárias de todos os tempos, A DIVINA COMÉDIA, Dante descreve os diversos compartimentos que existiriam no Inferno. Neles instala as personagens de conformidade com os hábitos, práticas e formas de pensar. Não perdoa nem acusa, apenas enquadra de forma pitoresca cada figura da vida pública de seu tempo, envolvendo a todos de forma tão marcante e fiel à realidade que a expressão “comédia dantesca” se perpetuou em inúmeras línguas mantendo-se atualizada e adequada aos mais diferentes pontos do Globo.
No oitavo círculo do inferno, no que seria em termos modernos, o oitavo andar do edifício onde todos residiriam após o “juízo final” Dante localiza as acomodações destinadas aos MALVERSADORES DO TESOURO PÚBLICO. Suplícios terríveis são aplicados aos homens corruptos, que assaltam os cofres do povo, desviam os recursos que seriam destinados aos serviços mantidos pelo erário tais como escolas, hospitais, creches, postos de saúde, conservação de estradas, praças e tantos outros.
Fantasiosa que possa parecer, A Divina Comédia deve levar a sociedade a refletir sobre os escândalos em série produzidos por significativa parte da classe política, também por funcionários que ocupam cargos elevados, postos que lhes facultam manipular pessoas e interesses os mais escusos. A corrupção se instala nos mais diferentes rincões do país e do mundo, gera a impunidade que, por sua vez, gera a corrupção, num círculo vicioso e viciado arregimentando contingente numeroso de futuros hóspedes do oitavo andar de Dante.
Chaga de ordem moral, atestado da inferioridade humana, a corrupção parece cercear os esforços de homens íntegros, magistrados idôneos ainda dispostos a responder pelo juramento sagrado à defesa da Lei verdadeira. O combate a esse impetuoso vírus deve constituir uma prioridade de todos os segmentos da sociedade, de todas as crenças religiosas, de todas as profissões, individual e coletivamente, enfim de todos os seres decentes que raciocinam e crêem nas verdades fundamentais da vida.
O corrupto ainda que iludido pela fuga às leis humanas, precisa ser alertado de que não escapará à Justiça das leis Supremas, de que ALGUM DIA o egoísmo, a cupidez, a ambição desmedida e os diversos métodos de prevaricação que envergonham o homem como criação de Deus, serão erradicados do mundo, por meio da formação moral, educação no Lar, orientação à infância desprotegida, conscientização do ser social sobre a verdadeira finalidade da vida e, quando imprescindível, pela aplicação severa das LEIS TERRENAS aos que não saibam ou não queiram trilhar os caminhos indicados pelas sábias lições do Mestre Jesus e ainda se mantenham como atores/palhaços da DIVINA COMÉDIA.

PECAJO

segunda-feira, abril 16, 2007

Manual de conservar caminho

1] O caminho começa em uma encruzilhada. Ali você pode parar e pensar em que direção seguir. Mas não fique muito tempo pensando, ou jamais sairá do lugar. Faça a clássica de Castañeda: qual destes caminhos tem um coração? Reflita bastante sobre as escolhas que estão adiante, mas uma vez dado o primeiro passo, esqueça definitivamente a encruzilhada, ou sempre ficará sendo torturado pela inútil pergunta: “será que escolhi o caminho certo?” Se você escutou seu coração antes de fazer o primeiro movimento, você escolheu o caminho certo.
2] O caminho não dura para sempre. É uma benção percorrê-lo durante algum tempo, mas um dia ele irá terminar, portanto esteja sempre pronto para despedir-se a qualquer momento. Por mais que você fique deslumbrado por certas paisagens, ou assustado com algumas partes onde é necessário muito esforço para seguir adiante, não se apegue a nada. Nem às horas de euforia, nem aos intermináveis dias onde tudo parece difícil, e o progresso é lento. Cedo ou tarde um anjo virá, e sua jornada chega ao final, não esqueça.
3] Honre seu caminho. Foi sua escolha, sua decisão, e na medida que você respeita o chão onde pisa, também este chão passa a respeitar seus pés. Faça sempre o que for melhor para conservar e manter seu caminho, e ele fará o mesmo por você.
4] Esteja bem equipado. Leve um ancinho, uma pá, um canivete. Entenda que para as folhas secas os canivetes são inúteis, e para as ervas muito enraizadas os ancinhos são inúteis. Saiba sempre que ferramenta utilizar a cada momento. E cuide delas, porque são suas maiores aliadas.
5] O caminho vai para frente e para trás. Às vezes é preciso voltar porque foi perdido algo, ou uma mensagem que devia ser entregue foi esquecida no seu bolso. Um caminho bem cuidado permite que você volte atrás sem grandes problemas.
6] Cuide do caminho, antes de cuidar do que está a sua volta: atenção e concentração são fundamentais. Não se deixe distrair pelas folhas secas que estão nas margens, ou pela maneira como os outros estão cuidando dos seus caminhos. Use sua energia para cuidar e conservar o chão que acolhe seus passos.
7] Tenha paciência. Às vezes é preciso repetir as mesmas tarefas, como arrancar ervas daninhas ou fechar buracos que surgiram depois de uma chuva inesperada. Não se aborreça com isso, faz parte da viagem. Mesmo cansado, mesmo com certas tarefas repetitivas, tenha paciência.
8] Os caminhos se cruzam: as pessoas podem dizer como está o tempo. Escute os conselhos, tome suas próprias decisões. Só você é responsável pelo caminho que lhe foi confiado.
9] A natureza segue suas próprias regras: desta maneira, você tem que estar preparado para súbitas mudanças do outono, o gelo escorregadio no inverno, as tentações das flores na primavera, a sede e as chuvas de verão. Em cada uma destas estações, aproveite o que há de melhor, e não reclame das suas características.
10] Faça do seu caminho um espelho de si mesmo: não se deixe de maneira nenhuma influenciar pela maneira como os outros cuidam de seus caminhos. Você tem sua alma para escutar, e os pássaros para contar o que sua alma está dizendo. Que suas histórias sejam belas e agradem tudo que está a sua volta. Sobretudo, que as histórias que sua alma conta durante a jornada sejam refletidas em cada segundo de percurso.
11] Ame seu caminho: sem isso, nada faz sentido.


Paulo Coelho

domingo, abril 15, 2007

Para refletir

Decisão judicial favorece comunidades quilombolas

Adital - A direção geral do Centro de Lançamentos de Alcântara, no Estado do Maranhão, não pode impedir que integrantes das comunidades remanescentes utilizem suas terras tradicionais de onde foram deslocados nos anos 80 para a instalação da base aeroespacial. A decisão judicial veio da 5ª Vara Federal do Maranhão. Por sua parte, a Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos comemorou a decisão e afirmou que isto demonstra que está havendo mais respeito pelo povo quilombola. A decisão foi baseada na aplicação da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que ressalta o reconhecimento aos direitos de "propriedade e posse dos povos que estão sobre as terras que tradicionalmente ocupam". No ano passado, 47 integrantes de comunidades quilombolas foram impedidos de colher e plantar nas referidas áreas.
Cinco mandados de segurança contra a direção do Centro foram ajuizados pelos advogados Roberto Rainha, da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, e Eduardo Alexandre Correa, da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares. E todos eles foram concedidos pelo juiz José Carlos do Vale Madeira.
Conforme o julgamento da questão, o juiz entendeu que "não obstante a implantação do Centro de Lançamento de Alcântara e o desenvolvimento regular de suas atividades, não podem os Impetrantes ver-se vitimados por este fato da administração, quando o próprio modo de vida tradicional das comunidades quilombolas determinou formas de produção, que foram estabelecidas historicamente visando à sua subsistência".
Sérvulo Borges, da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombolas, afirmou que esta decisão vem num momento muito bom para as comunidades quilombolas do Maranhão.
O entusiasmo não é à toa. A partir do dia 10 de maio, serão realizadas oficinas de consulta para organizar juridicamente e a distribuição de 85.537 hectares, que já foram certificadas pelo Governo Federal. O território, designado de coletivo, será dividido em 10 pólos e contará com 99 comunidades quilombolas.
"Estas oficinas de consultas serão para avaliar que tipo de desenho nós teremos, como será a gestão participativa. O Incra já está fazendo a parte dele, levantando o número de famílias, documentos, registros em cartórios. Depois, o processo será finalizado com a titulação do território", afirmou Borges.
Com informações da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos

quarta-feira, abril 04, 2007

Conheça-se

A vida moderna se realiza num mundo de muito barulho, de correria desenfreada, portentosa inimiga do silêncio, fundamental à reflexão. Na tribulação dos compromissos, da luta pela sobrevivência a qualquer custo, do empenho pelas conquistas materiais, muito pouco paramos para refletir sobre os problemas, e o que é mais importante, descobrir e analisar as suas causas. Esquecemo-nos, às vezes, de considerar que somos seres inteligentes, responsáveis pela execução de todas as tarefas que nos envolvem na obrigação de “cuidar” do patrimônio oferecido pelo Criador, O Planeta. O Homem é o detentor do poder do pensamento. Há muitos homens que abrem mão desse privilégio maravilhoso: O DOM DE PENSAR. Assumem postos e encargos, desfrutam ansiosa- mente das benesses inerentes, utilizam a inteligência parcialmente, voltando seus neurônios para o oportunismo e a prevaricação. Ostentam títulos e exibem seus méritos. Há mesmo os que se movimentam e se manifestam, abastecidos exclusivamente pelo combustível dos instintos e dos apetites, repetindo sempre as mesmas “teorias”, cobrando tudo de todos e muito pouco ou nada oferecendo.
A alguns o poder, ou o simples fato de pensar que podem, causa sonambulismo, estagnação. Fixam-se como postes de concreto em suas ridículas posições e aí se mantêm sem ver o tempo passar.
Qualquer dentre nós, quando se afasta dos verdadeiros objetivos da vida, pode- se incluir inapelavelmente nesse exército de inconscientes. Sempre há tempo para abominar a desvairada ânsia pela velocidade, execrar a louca precipitação dos desejos, que é o terrível mal dos nossos dias. Comecemos por dedicar alguns minutos diariamente à reflexão sobre nós mesmos. Perguntemos se não estamos perdidos dentro de nossos próprios labirintos. Quanto mais pensamos em nossos anseios, mais confundimos neces- sidade com ambição, mais nos afastamos de Deus, mais nos tornamos autômatos manipu- lados por forças negativas, misturando Sonhos com Loucura.
Não poderia ser mais atual e valioso o conselho do Mestre Maior: “CONHECE-TE A TI MESMO’


PECAJO

domingo, abril 01, 2007

Sedentarismo
















No silêncio absoluto
Sem nada ouvir, nem falar,
Sem emoções,
Sem sorrisos, nem lágrimas,
Espera.
Apesar de tudo
Veste-se de ouro,
Mas com seu olhar fixo
Somente no vai-e-vem incansável,
Apenas à espera
Do que alimenta e conforta
A sua vida inútil.
Ainda assim é admirado.
Na solidão dos quatro vidros
Vive um lindo peixe dourado.

Deise Domingues Gianini

Liberdade de expressão

Se existe um tema que necessariamente deve ser compreendido por toda a sociedade brasileira é, sem dúvida alguma, a questão relacionada à tolerância e à discriminação. Segundo um documento da UNESCO, aprovado em Paris, no dia 16 de novembro de 1995 “a tolerância não é concessão, condescendência, indulgência. A tolerância é, antes de tudo, uma atitude ativa fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais do outro.” Isso significa que a concordância de idéias não é um requisito indispensável para a tolerância. Além disso, é possível inferir que discriminar significa fazer diferença e, por conseguinte, renegar os direitos fundamentais da pessoa humana em razão de raça, sexo, religião etc.
Os homossexuais são titulares dos mesmos direitos assegurados a todos os cidadãos incluído o direito ao respeito e À consideração. Porém, respeito e tolerância não implicam aceitação. Por isso, eles não poderiam exigir que o seu modus vivendi fosse aceito por toda a sociedade. Não obstante, o movimento gay pretende obter não apenas a tolerância, mas também a aprovação desse estilo de vida, haja vista ÀS passeatas do orgulho gay que são realizadas ao redor do mundo. A mídia tem apoiado essas campanhas à exaustão.
A questão do homossexualismo é controvertida. Pensadores e religiosos se dividem a respeito do assunto. Uma linha afirma que o homossexualismo está de acordo com a natureza. Outra linha sustenta que o homossexualismo não está de acordo com a natureza nem com o direito natural e a sua prática é pervertida e, até mesmo, doentia.
Mas como o Estado deve tratar esse tema tão controvertido? O Projeto de Lei n.º 5003-b já aprovado pela Câmara dos Deputados e que em breve será apreciado pelo Senado, aponta para uma solução equivocada, conquanto cria novos tipos penais (crimes homofóbicos) e restringe tanto a liberdade de expressão quanto a liberdade religiosa. Por isso, o Promotor de Justiça Cláudio da Silva Leiria afirma que esse projeto é inconstitucional.
Como o tema do homossexualismo é controvertido, a melhor solução seria o Estado manter a neutralidade, sem contudo, deixar de garantir a igualdade de direitos para todos. Existe um risco latente quando o Estado estabelece um ponto final em questões que são controvertidas para a sociedade. O radicalismo, o fanatismo e o totalitarismo não combinam com democracia. Assim sendo, o Estado não pode elevar a conduta homossexual como se fosse imune a críticas, assim como uma religião não pode almejar a sua legitimação pelo Estado não-confessional. Ademais, a liberdade de expressão não pode ser cerceada através de leis draconianas que causariam inveja até mesmo ao próprio Torquemada. O projeto de lei mencionado pode impor uma mordaça a todos aqueles que, por um motivo ou outro, discordem das praticas homossexuais.
Que ironia! No passado os gays estavam sujeitos à fúria dos inquisidores, agora os heterossexuais correm o risco de serem encarcerados se ousarem expor as suas idéias, caso esse projeto seja aprovado. Além disso, há o risco de recriação do index, com a inclusão das Escrituras Sagradas e de outros livros como, por exemplo, A Metafísica dos Costumes de Immanuel Kant, que desabonam essa conduta. A situação é diferente, os tempos mudaram, mas os perigos do dogmatismo e do radicalismo são os mesmos.
Melhor seria que governantes e legisladores seguissem o caminho do equilíbrio e do bom senso pautado pela democracia liberal e pelo respeito aos direitos humanos fundamentais. Questões controvertidas não podem ser decididas e radicalizadas através de uma lei. A liberdade de expressão, como se sabe, é a pedra de toque da democracia. Importa que todos os cidadãos tenham direito À informação e que, também, possam expressar livremente os seus pensamentos sem qualquer tipo de censura – prévia, legal ou judicial. Restrições à liberdade de expressão representam o caminho mais rápido para um retorno à era das trevas com os seus desatinos, horrores e atrocidades.


Aldir Guedes Soriano