quarta-feira, junho 25, 2008

Pedro Casaldáliga

Dom Pedro Casaldáliga é um bispo católico, catalão, nascido no dia dezesseis de fevereiro de mil novecentos e vinte e oito. Aos 15 anos ingressou na Congregação Claretiana, sendo sagrado sacerdote em Montjuïc, Barcelona, no dia 31 de maio de 1952. Em 1968, mudou-se para o Brasil.O Papa Paulo VI nomeou-o bispo prelado de São Félix do Araguaia, MT, no dia 27 de agosto de 1971. Adepto da teologia da libertação foi muito criticado pelos setores tradicionais da Igreja, que consideram essa corrente teológica, baseada no Marxismo, uma traição aos conceitos básicos da fé, da liturgia e do catolicismo. É poeta, autor de várias obras.Dom Pedro já foi alvo de inúmeras ameaças de morte. Em 12 de outubro de 1976, foi avisado que duas mulheres estavam sendo torturadas na delegacia da cidade. Imediatamente dirigiu-se para lá em companhia do padre jesuíta João Bosco Penido Burnier. Após discutir com os policiais, o padre Burnier foi agredido e alvejado com um tiro na nuca. Após a missa de sétimo dia, houve uma procissão até a porta da delegacia, o imóvel foi destruído e os presos libertados. No local foi construída uma igreja.Durante a ditadura militar, foi alvo de cinco processos de expulsão do Brasil. Em sua defesa, veio o arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, impedindo que tal arbitrariedade acontecesse.
Las Siete Palabras - Pedro CASALDÁLIGA
I. «Padre, perdónalos porque no saben lo que hacen»
Sabiendo o no sabiendo lo que hacemos,
sabemos que nos amas,
porque ya hemos visto tus maneras
en los ojos y en la boca de tu Hijo Jesús.
Ya no eres más para nosotros el Dios terrible.
¡Sabemos que eres Amor!
Sabemos que no sabes castigar...
Tú eres un Dios vencido en la ternura.
Tú esperas siempre, Padre, y acoges y restauras la vida
hasta de los asesinos de tu Hijo
(que somos todos nosotros).
¡Perdónalos! ¡Perdónanos!
Atiende este pedido de tu Hijo en la cruz,
prueba mayor de tu amor de Padre.
¡Y acógenos, oh Padre, oh Madre, oh cuna, oh casa
de cuantos retornamos buscando tu abrazo!
II. «En verdad te digo: hoy mismo estarás conmigo en el Paraíso»
Tu corazón sin puertas, siempre abierto,
¡qué fácil es robarte el Paraíso!
Bandidos todos nosotros,
depredadores
del Cosmos y de la Vida,
sólo podemos salvarnos
asaltándote, Cristo,
en nuestro «hoy» diario-
esa Misericordia que chorrea en tu sangre...

Tu blando silbo de Buen Pastor nos llama.
Tu corazón reclama, impaciente,
a todos los marginados,
a todos los prohibidos.
Tú nos conoces bien, y nos consientes,
hermano de cruz y cómplice de sueños,
compañero de todos los caminos,
¡Tú eres el Camino y la Llegada!
III. «Todo está consumado»
De Tu parte, ¡sí!
De nuestra parte,
nos falta aún ese largo día a día
de cada historia humana,
de toda la Humana Historia.

Tú ya lo has hecho todo, ¡Rey y Reino!
Todo está por hacer, a la luz del Reino,
en esta noche que nos cerca
(de lucro y de egoísmo,
de miedo y de mentira,
de odios y de guerras).

El Padre te dio un Cuerpo de servicio
y Tú has rendido el ciento, el infinito.
Todo está consumado,
en el Perdón y en la Gloria.
Todo puede ser Gracia, en la lucha y en el camino.

Ya has sido el Camino, Compañero.
Y eres, por fin, ¡la Llegada!
En tu Cruz se anulan
el poder del Pecado
y la sentencia de la Muerte.
Todo canta Esperanza...

Bibliografia
CASALDÁLIGA, Pedro. Sonetos neo-bíblicos, precisamente. Musa Editora, 1996.
CASALDÁLIGA, Pedro. Espiritualidade da libertação. Petrópolis: Vozes.
CASALDÁLIGA, Pedro; BARREDO, Cerezo. Murais da libertação. São Paulo: Loyola, 2005.
CASALDÁLIGA, Pedro; TIERRA, Pedro. Ameríndia, morte e vida. Petrópolis: Vozes, 2000.
CASALDÁLIGA, Pedro; TIERRA, Pedro. Orações da caminhada. Verus Editora, 2005.



Dom Pedro Casaldáliga, santo e herói
por Frei Betto
O Brasil é um país de santos e heróis, embora poucos alcancem reconhecimento público. Talvez seja efeito de nossa baixa auto-estima. Durante séculos, de costas para a América Latina, miramos no espelho dos brancos europeus e norte-americanos. O que víamos não era o nosso rosto indígena, negro, mestiço. Era a imagem paradigmática do colonizador a nos convencer de que somos atrasados, feios, improdutivos e inferiores. Abrigamos no Brasil o mais longo período de escravidão das três Américas – 358 anos – e ainda culminamos o processo da abolição com a exclusão dos negros libertos do direito de acesso a terra, entregue aos colonos europeus que aqui aportaram. Os povos indígenas, calculados numa população de cinco milhões no século XVI e, hoje, reduzidos a 700.000, foram massacrados, contaminados pelas doenças dos brancos, pela cachaça dos brancos, pela voracidade mercantil, pela ambição de minérios e madeiras dos brancos.
Restrita a nação ao convés da primeira classe, perdemos de vista nossos santos e heróis, embora proliferem entre nós tantos artistas, atletas, intelectuais, e também inventores como Santos Dumont. Não tão conhecido como mereceria, há no Brasil um santo e herói: Pedro María Casaldáliga. Santo por sua fidelidade radical (no sentido etimológico de ir às raízes) ao Evangelho, e herói pelos riscos de vida enfrentados e as adversidades sofridas. Adotou como divisa princípios que haveriam de nortear literalmente sua atividade pastoral: “Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar”. No dedo, como insígnia episcopal, um anel de tucum, que se tornou símbolo da espiritualidade dos adeptos da Teologia da Libertação. São Félix é um município de Mato Grosso, situado em frente à ilha do Bananal. Na década de 1970, a ditadura militar (1964-1985) ampliou a ferro e fogo as fronteiras agropecuárias do Brasil, devastando parte da Amazônia e atraindo para ali empresas latifundiárias empenhadas em derrubar árvores para abrir pastos ao rebanho bovino. Casaldáliga, pastor de um povo sem rumo e ameaçado pelo trabalho escravo, tomou-lhe a defesa, entrando em choque com os grandes fazendeiros; as empresas agropecuárias, mineradoras e madeireiras; os políticos que, em troca de apoio financeiro e votos, acobertam a degradação do meio ambiente e legalizam a dilatação fundiária sem exigir respeito às leis trabalhistas. Dom Pedro tem sido alvo de inúmeras ameaças de morte. A mais grave em 1976, em Ribeirão Bonito, no dia 12 de outubro – festa da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Ao chegar àquela localidade em companhia do missionário e indigenista jesuíta João Bosco Penido Burnier, souberam que na delegacia duas mulheres estavam sendo torturadas. Foram até lá e travaram forte discussão com os policiais militares. Quando o padre Burnier ameaçou denunciar às autoridades o que ali ocorria, um dos soldados esbofeteou-o, deu-lhe uma coronhada e, em seguida, um tiro na nuca. Nove dias depois, o povo invadiu a delegacia, soltou os presos, quebrou tudo, derrubou as paredes e pôs fogo. No local, ergue-se hoje uma igreja.
Casaldáliga amplia sua irradiação apostólica através de intensa atividade literária. Poeta renomado traz a alma sintonizada com as grandes conquistas populares na Pátria Grande latino-americana. Ergue sua pena e sua voz em protestos contra o FMI, a ingerência da Casa Branca nos países do continente, a defesa da Revolução Cubana e, anos atrás, em solidariedade à Revolução Sandinista ou para denunciar os crimes dos militares de El Salvador e da Guatemala.
Dom Pedro Casaldáliga admite que a sabedoria popular tenha sido a sua grande mestra. Indagou a um posseiro o que ele esperava para seus filhos. O homem respondeu: “Quero apenas o mais ou menos para todos”. Pedro guardou a lição, lutando por um mundo em que todos tenham direito ao “mais ou menos”. Em setembro de 1985 viajei a Cuba com os irmãos e teólogos Leonardo e Clodovis Boff. Falamos com Fidel que dom Pedro se encontrava em Manágua, participando da Jornada pela Paz, e o líder cubano insistiu para que o trouxéssemos a Havana. Tão logo desembarcou na capital de Cuba, a 11 de setembro, o bispo foi conduzido diretamente ao gabinete de Fidel. Este se mostrava interessado na literatura sobre a Teologia da Libertação. Dom Pedro observou com a sua fina ironia:
– Para a direita é preferível ter o papa contra a Teologia da Libertação do que Fidel a favor.
Em 2003, ao completar 75 anos, Casaldáliga apresentou seu pedido de renúncia à prelazia, como exige o Vaticano de todos os bispos, exceto ao de Roma, o papa. Só agora, em 2005, o Vaticano nomeou-lhe um sucessor. Antes, porém, enviou-lhe um bispo que, em nome de Roma, pediu que ele se afastasse da prelazia, de modo a não constranger o novo prelado. Dom Pedro não gostou do apelo e, coerente com o seu esforço de tornar mais democrático e transparente o processo de escolha de bispos, recusou-se a atendê-lo. O novo bispo, frei Leonardo Ulrich Steiner, pôs fim ao impasse ao declarar que dom Pedro é bem-vindo.

Missa dos Quilombos
O musical "Missa dos Quilombos", foi escrito por Milton Nascimento em parceria com Pedro Tierra e Dom Pedro Casaldáliga, em 1981.
Embora o formato da cerimônia seja realmente respeitado, o musical apresenta, no lugar da pregação religiosa, discursos sociais, principalmente sobre trabalho escravo. Não se fala somente do trabalho escravo negro, da época do Brasil Colônia e do Império. Fala-se sobre a escravidão que existe até hoje, em diversas partes do mundo."

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