sábado, maio 10, 2008

A arte ontem e hoje sob a ótica filosófica

Friedrish Schiller foi um grande autor de peças teatrais que o tornaram, ao lado

de Henrik Ibsen, um referência do pré-romantismo alemão. Os dois dramaturgos

criaram um movimento em seu país chamado "Sturm Und Drang" que se

predispunha a elevar a arte como elemento consolidador de duas naturezas

humanas – o racional e o sensível. Schiller defendia a arte como forma de

educação de pessoas que, por determinado motivo, não possui em sua

personalidade um destes elementos. Segundo ele, o homem racional só pode

se tornar sensível quando observa o belo, ou seja, quando se torna "estético".

Baseado neste conceito, o filósofo Nietzsche aborda em seu livro "Natureza da

Tragédia" o nascimento do teatro dionisíaco na Grécia do Séc. VI a.C. e

defende a tese de que o movimento teatral surgiu da necessidade humana de

formalizar a arte através do ritual de convenções expostas no espelho teatral e

da necessidade de extravasar este mesmo formalismo através da embriagues

dionisíaca dos cultos teatrais arcaicos.

Nietzsche confrontou Kant quando este último criou a teoria do desinteresse das

obras de arte. Para Kant, a arte não pode sofrer julgamentos, pois não possui

"propósito prático". Já o filósofo Stendhal chamou o belo de "Promessa de

Felicidade", o que foi defendido por Nietzsche para a crítica e degustação da

arte.

Antes de Aristóteles, o autor de "Poética", Platão já indagava o verdadeiro valor

das obras de arte e se indagava constantemente: "Para quê pintar uvas tão

perfeitas se elas já existem no mundo real"? De certo modo o filósofo

menosprezava as obras de arte por entender que derivam da necessidade de

copiar e expor conflitos para obter audiência do público.

Não cabe a nós entender Kant, tampouco duvidar de sua retórica, mas não seria

necessidade orgânica de um artista expor sua obra a fim de conquistar o

reconhecimento do público? Esse reconhecimento não advém da

verossimilhança de sua arte em relação à natureza? Como denotar genialidade

e brilhantismo de um artista senão desta forma? Talvez os grandes surrealistas

tenham a resposta. Com a passagem dos tempos, Pablo Picasso e outros

puderam reinventar a realidade divina com a reprodução de imagens subjetivas

que denotavam o ponto de vista de um único homem. Seria essa a fórmula da

obra prima? Abraço Nietzsche quando, em defesa ao trabalho do artista, afirma

que a verdade da obra de arte reside no fato de ser ilusória e subjetiva.

Todos temos uma verdade sobre o mundo dentro de nós. Se trabalharmos os

lados racionais e sensíveis, aprendermos as técnicas de uma arte específica

com a fome dos leões, certamente compartilharemos o nosso olhar, isto é,

nossa matéria prima, com os outros irmãos de guerra, tão cegos a vagar por

este mundo de arames farpados.

João Pedro Roriz é escritor.

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