sábado, junho 09, 2007

Poesias de Líria Porto

Rotina
Líria Porto

a voz de um relógio tique-taquerepete
sem sotaque a voz do tempo
passamos nossos dias tão iguais
e sem o perceber envelhecemos

Lealdade
Líria porto

por ti eu façoseguro a onda no braço
e se o mar te der rasteira
amarro-o numa coleira
arrasto-o para as areias
do deserto de saara


Pedra-sabão
Líria porto

escrevo no peito o vento que passa
o sol a vidraça a chuva a neblina
escrevo no peito o doce a cachaça
o queijo a coalhada o mapa de minas

escrevo no peito as ruas estrada
sas flores a praça o laço de fita
escrevo no peito a tarde a alvorada
a lua as estrelas a noite bonita

escrevo no peito a terra um jazigo
o chão a florada a serra o jardim
escrevo no peito opalas sem fim

a mãe meus irmãos as filhas o amigo
o cheiro os costumes a bruma a brisa
depois eu me abraço e fecho a camisa

Das eternidades
Líria porto

desistir posso desisto
mas esquecer não me peças
sou destas peças antigas
onde se guardam relíquias
o amor é uma delas

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