"Tatuei teu nome no meu pensamento, depois o transformei em canção e as batidas do meu coração deram-lhe o ritmo perfeito" Deise Domingues Giannini
Adoro as tardes, principalmente as de outono! A expressão que eu usaria para descrever esses momentos seria "equilíbrio".
Resido em São Vicente, uma linda cidade praiana do litoral de São Paulo. Vim morar aqui justamente porque detesto regiões frias, neblina, geada, excesso de roupas , ficar muitos dias dentro de casa, temperatura abaixo de zero e etc.
Moro a uma quadra da praia do Gonzaguinha e, observar o entardecer na baia de São Vicente, é um espetáculo deslumbrante! Nesses momentos a natureza dá um show de cores e luzes!
E quando a lua cheia nasce do outro lado da baia, nua, esfuziante, dourada! Parece uma deusa saindo do fundo do mar!
A noite vai chegando, e as pessoas parecem não se dar de que o dia já acabou. O futebol continua efervescente na areia e os quiosques lotados. Não há pressa para ir embora, ainda tem muita cerveja para bebericar, porções para degustar e a conversa, não tem hora para terminar. Alguns quiosques têm até televisão para que seus fregueses possam assistir às novelas.
Para quem quiser, caminhar até a Praça da Biquinha e fartar-se até não poder mais com os doces caseiros ou, fazer compras na feira de artesanato, é uma opção atraente. E nos finais de semana, as apresentações musicais são variadas e interessantes. Além disso, diz-se por aqui, que quem toma água na Fonte da Biquinha, sempre volta à cidade. Isso eu já não sei, mas que será sempre um passeio inesquecível, com certeza será.
À esquerda da praça, a maravilhosa Plataforma de Pesca, toda em madeira, que vai até a Ponte Pencil. É o meu local preferido para dar uma caminhada ou mesmo, pensar um pouco na vida, já que ela não anda nada fácil. Há tanta beleza naquele lugar, a tranqüilidade do mar, as luzes do calçadão, a temperatura amena, tudo isso me dá uma sensação de paz , de estar bem comigo mesma: o dia já passou, cumpri minha missão, agora é só relaxar e usufruir essa visão deslumbrante da natureza.
Nesses momentos, penso que Deus caprichou na nossa "gaiola" e, que deveríamos procurar mantê-la sempre assim, intacta!
À direita da Praça da Biquinha, a Praça Hipupiara ou Praça 22 de Janeiro, aniversário da cidade. Lá tem o Museu da Imagem e do Som, uma sala para filmes, uma biblioteca fantástica, doada pela família de um morador, já falecido.
Com atividades constantes, ela é ponto de encontro de cultura e lazer para moradores e turistas. E foi em uma tarde de outono, com a segunda feira quase batendo à porta, que estive nesta praça para encontrar-me com um grupo de poetas.
Um varal de poesias contornava o Museu da Imagem e do Som. À esquerda, a exposição de artes plásticas coloria mais ainda a cena. Na escadaria, microfones, som e uma dupla de cantores apresentando MPB da melhor qualidade. Sempre intercalada com leitura de poesia.
Chego lá comendo um enorme pedaço de bolo de nozes comprado na Praça da Biquinha. Compartilho um banco com mais duas pessoas e, fico lá.
Olho à minha volta e sinto que há tanta beleza naquele lugar. Atrás do museu, uma pequena lanchonete, um casal lanchando, crianças brincando no parquinho. Em frente, um mini zôo, completa a platéia que ouve as apresentações de "Poesia na Praça".
Gosto muito de tudo aquilo, mas, não estou em meus melhores dias, poderia participar, mas prefiro só assistir.
De repente, uma poetisa, começa a distribuir fitinhas poéticas. Ganho duas, a primeira dizia: "Tatuei teu nome no meu pensamento, depois o transformei em canção e as batidas do meu coração deram-lhe o ritmo perfeito”; a segunda: "Por meio da poesia tocamos estrelas, ouvimos canções, encontramos anjos e desvendamos mistérios. Por isso amamos mais".
Acho-as lindas! Pergunto à poetisa se as fitinhas são poemas ou apenas frases poéticas, e ela responde "Tanto faz".
Volto para casa pensando na "tatuagem", que trago em meu coração! E só muito tempo depois é que percebo a incoerência da minha pergunta à poetisa, afinal, poesia é poesia! Isso basta!
Foi uma linda tarde de outono, em São Vicente!
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