Tentando reler a obra moderna do filósofo francês Michel Foucault, "As Palavras e as Coisas", quis aplicá-la na atualidade dos acontecimentos e confesso que fiquei espantado! Não é que estamos vivendo um "fervilhão" de acontecimentos e às vezes, nem sequer damos conta da real importância de tudo? Fatos marcantes estão acontecendo e estão mudando o eixo da história, das relações no mundo. Somos testemunhas de um tempo impar na composição de uma era histórica nova e, temos dificuldades em perceber e quantificar tudo isso. As palavras, às vezes não traduzem o que dizem as coisas. Observem o que acontece da parte dos Estados Unidos em relação ao "resto" do mundo, mais precisamente o poder desastroso que exercem sobre o Iraque e o Afeganistão! Lá eles pilham, matam e destroem em nome da paz e do amor! O mundo assiste a tudo impassível. Paz e amor para quem? E, às vezes, interpretando os acontecimentos como sendo a única possibilidade de paz e ainda pior, incorporando um messianismo, "divino", disponibilizado da parte do próprio Deus, ao grande governo daquele país, como pretende uma grande corrente evangélica! E tudo fica como o governo daquele país quer. Nem a ONU exerce a sua função quando se trata ao menos de fiscalizar o que fazem. Meu Deus! No mais ainda temos que viver, sobretudo aqui no ocidente, com a invasão cultural programada e premeditada através dos seus "enlatados" e do “sonho americano", diga-se de passagem. Americano aqui, parece ser absolutizado em quem nasceu nos Estados Unidos, e não nas Américas, como a lógica sugere. Isso não é um espanto! E o caso da homérica briga entre Israel e Palestina? Outra vez verificamos a intromissão do Norte, sobretudo daqueles que continuam na diáspora, mas bancam economicamente a guerra e a matança sem fim entre judeus e palestinos. Vejam a ilusão do destino! Os mesmos que foram mortos aos milhões nas mãos de um louco chamado Hitler. No Chile, até hoje não conseguiram prender um criminoso da humanidade, Augusto Pinochet. Engraçado que nem o fruto da pilhagem, que ele fez naquele país, conseguiu-se rastrear e incorporá-lo aos cofres públicos. Mas o General está "ferido de morte." Agora não tem mais como escapar! Será que não vai tarde? Tantas mortes, tanta violência! Por ironia ele continua sendo querido, acolhido e protegido por muitos partidários. Não é à toa que vivem querendo ressuscitar o nazismo. Aqui no Brasil, alguns choram de saudades do tempo da ditadura militar. Alguns outros fatos marcantes, alegres, como consolo. No Brasil os pobres regozijam com a vitória do ex-operário do ABC paulista. Significa a vitória dos pobres contra uma "elite" privilegiada, que sempre fez de tudo para se manter no poder e nos privilégios. É um sinal de esperança! Precisa urgentemente incorporar as minorias, no processo de participação na história desse país - às vezes com políticas afirmativas, por que não? O que não se realiza pelo amor ou pela compreensão natural de que o mundo é de todos, então vai pela lei. Os negros, os índios, os que vieram mais recentemente para esse país. É preciso iniciar o processo progressivo de desconcentração de renda, criando um país de todos, eliminando os "sem" (sem terra, sem teto, sem comida, sem saúde, sem escola...) Nesse mesmo caminho podemos notar outros paises na caminhada. Evo Morales na Bolívia, Hugo Chávez na Venezuela, sendo eleito com mais de 60 por cento dos votos e, José Agenor na Colômbia. Tudo isso indica que as elites estão com o seu tempo contado no que se diz respeito aos seus privilégios. Podem gritar, podem espernear. A massa popular não quer mais permitir que as relações entre os diferentes, produzam desigualdade. Não tem cabimento. Sob essa ótica tenho procurado ler a obra prima do filósofo e olhar a realidade. As surpresas são muitas! Abre-se a possibilidade de ver nas entre linhas, de ver as coisas e as palavras como um "novum", como um eterno “porvir".
P Carlos Ferreira da Silva
Guarai-TO 03 de dezembro de 2006
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