Alguém disse que a mulher é o sexo frágil? Provavelmente não foi uma brasileira indígena, que passou pela violência do processo de colonização. Vitimada pela exploração sexual dos colonizadores portugueses, tendo sua identidade ignorada pela história, tratada como não-humana e que, mesmo assim, viveu embalada por sonhos, atravessando os vales da escuridão.
Certamente também não foi uma mulher negra, arrancada da África e trazida para a América, e marcada a ferro quente. Nenhuma escrava “Anastácia” diria que mulher é sexo frágil.
Provavelmente não foi uma mulher branca, que também não escapou da opressão masculina do século XVII, XIX, do século passado ou do atual.
Essas que ocuparam ruas e praças reivindicando o direito ao voto ou as que deixaram de viver e amar, casado-se por obrigação, interesses capitais. Essas, que por décadas não tiveram direito ao estudo, servindo apenas para procriar... Não. Nenhuma dessas desmereceria suas companheiras dessa forma!
Nem mesmo hoje, uma mulher da Arábia Saudita, proibida de guiar automóvel; ou do Egito, sofrendo mutilações genitais; ou da Jordânia, onde o pai pode matar a filha se ela “transar” antes do casamento; ou do Afeganistão onde é obrigada a cobrir o corpo com o véu.
O que diria da fragilidade da mulher Anita Garibaldi, ao perder um filho nos braços, fugindo a cavalo dos seus inimigos? Ou Catarina Lemos, ao colonizar as terras gaúchas? E Joana D’Arc, a guerreira francesa que ardeu na fogueira como uma herege?
Mulheres que empunharam as enxadas no campo; as que ficaram em casa; que lavaram e passaram sem conseguir atenção; mulheres simples e humildes como Maria de Nazaré que foi mãe, amiga, trabalhadora, fiel a Deus, ao seu povo e ao seu companheiro José.
Mulheres santas que oraram, acenderam velas como a nossa padroeira? (Santa Catarina).
Mulheres que cantaram, dançaram, pintaram, bordaram, pecaram?
Mulheres modernas ocidentais que depois de muita luta, votam, trabalham, casam separam, têm filhos, viajam, lêem, fumam, usas decote, guiam automóveis, administram empresas, tingem o cabelo, sofrem, gargalham...
Como o homem, a mulher sente, com os mesmos cinco sentidos, tudo o que o mundo oferece. Frágeis as mulheres? O dualismo sexual não está na força Está nos preconceitos feministas e machistas que a humanidade criou e que agora todos, em especial a mulher, vêm tentando exterminar, desde a sua suposta origem bíblica, onde Eva derivou-se de uma simples costela de Adão.
Katiusa Stumpf (Chapecó-SC)
(Texto extraído do Jornal “Mundo Jovem” de março de 06)
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